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terça-feira, 20 de setembro de 2011
Faces da verdade
“Assim, só aparece aos nossos olhos uma verdade que seria riqueza, fecundidade, força doce e insidiosamente universal. E ignoramos, em contra partida, a vontade de verdade como prodigiosa maquinaria destinada a excluir todos aqueles que, ponto por ponto em nossa historia procuraram contornar essa vontade de verdade e recolocá-la em questão contra a verdade, lá justamente onde a verdade assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura (...)” (pg20 “ A ordem do discurso” /Michael Foucault).
Diante de inúmeros problemas pelos quais vivem os nossos jovens, fico muito comovida ao deparar com vários casos abandono que vivem muitas de nossas crianças. Basta parar por alguns instantes e olhar ao nosso redor, logo podemos observar situações que nos fazem deixar de acreditar que algum dia, algo possa mudar as vidas dessas pessoas.
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Após ingressar no curso de pedagogia percebi que fiquei ainda mais sensível a tais situações. Por isto, pensei em ingressar em trabalhos sociais, que existem dentro da religião que professo e que visam resgatar a auto-estima e a dignidade das pessoas. Porém, algo me detém quanto a esta idéia.
Isto se dá pelo fato de deparar a todo o momento com discursos carregados de preconceitos, que buscam de qualquer forma inculcar valores em nome de conceitos construídos e, os quais são responsáveis por determinar comportamentos, configurando a vida dos indivíduos.
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Sejam nas abordagens de assuntos como sexualidade ou noções morais e éticas, a todo o momento tentam influenciar nas escolhas, a fim de construir “indivíduos perfeitos”. Já a reprodução desses comportamentos e também dos discursos ficam a cabo de milhares de pessoas que se intitulam como donos da “verdade”,os quais determinam o que poderia ser chamado de certo e errado, ou seja, “o pecado”.
Desta forma, quem seria chamado de “pecador” ou loucos, estaria atrelado a todos aqueles que pensam , falam e agem de acordo com sua própria vontade. Não deixam se influenciar pelos discursos construídos e nem compactuam com esse sistema de alienação.
Quando abri os olhos diante desta reflexão percebi que tanto as nossas instituições de ensino, quanto toda sociedade fazem parte desta imensa ciranda, pois são elas as “mães” de todos os indivíduos.
E, se hoje temos preconceitos, discriminações e outros comportamentos que agridem o direito do Outro, foram os educadores que de alguma forma contribuíram ou não intervieram para a formação desses indivíduos, pois se não todos, posso dizer que a grande maioria deles passaram pela escola.
Já a nossa sociedade fica encarregada de reproduzir as “verdades” construídas a fim de controlar, regular e determinar as vidas dos indivíduos. São pessoas que constroem discursos visando seus próprios interesses. Diante disto essas verdades encontram-se nas mãos daqueles que dominam enquanto o falso encontra-se em poder dos dominados, ou seja, “A verdade” que controla os discursos funciona como um sistema de exclusão.
Ao entrar também nessa ciranda, preciso de alguma forma, não me deixar contaminar por esses discursos os quais transmitem uma falsa liberdade, onde os sujeitos são permeados por ideologias construídas a fim de atender interesses particulares.
. Como educador, terei que enfrentar muitos obstáculos perante aqueles que já se acomodaram diante do senso comum. Terei também que desconstruir, e construir quantas vezes forem preciso, valores perdidos ou talvez nunca encontrados por muitos professores dentro das escolas. Portanto sei que estarei na contra mão daqueles que contribuem para formação de estereótipos construídos e reforçados pelos preconceitos que ancoram em nossa sociedade.
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